Presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (Abimaq), Pedro Estevão Bastos
Processo tende a aprimorar precisão, qualidade e produtividade no campo
O ramo de máquinas e implementos agrícolas tem oscilado em 2024, mas o foco tem sido a aplicação de tecnologia que está sendo direcionada para a automação das operações o que deve implicar em maior qualidade e produtividade no campo. Essa é a opinião do presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (Abimaq), Pedro Estevãos Bastos. “A direção que as máquinas agrícolas estão indo é na automação das operações, o acesso à internet das máquinas descortina uma infinita possibilidade de análise em tempo real das condições das operações e do meio ambiente. Algoritmos processam os dados e direcionam as operações da melhor maneira possível, trazendo precisão, qualidade e produtividade nas operações”, pontua.
Segundo ele, as vendas de máquinas agrícolas no primeiro semestre de 2024 quando comparado ao mesmo período do ano passado caíram 30,5%. “Este resultado é em consequência da severa seca que tivemos na safra de verão 23/24 que se alastrou por todo território nacional, diminuiu a produtividade das lavouras e a rentabilidade. Aliado a isto, tivemos no primeiro semestre falta de recursos do Plano Safra, obrigando os agricultores a recorrerem ao mercado para financiar a compra de máquinas a juros substancialmente altos por volta de 16% aa. Também os preços das commodities internacionais, principalmente os grãos, estão em média 19% menores neste ano”. Entretanto, apesar do cenário ter sido desfavorável, a previsão é de otimismo.
Para o segundo semestre de 2024 a Abimaq espera uma melhora nas vendas com a entrada dos recursos do plano safra 24/25. “Apesar do melhor desempenho esperado no segundo semestre, não será suficiente para uma melhora substancial no resultado do ano que esperamos que feche com uma queda de 25%”, acrescenta.
Salientando que, “apesar dos números negativos em 2024, estamos otimistas com o agronegócio nacional, estamos vivendo uma conjuntura negativa, mas estruturalmente estamos muito bem. O Ministério da Agricultura e órgãos internacionais preveem que o Brasil deva aumentar as exportações de alimentos em 30% em oito anos. Para aumentarmos estas exportações será necessário aumentar também a área plantada na mesma proporção. Temos terras suficientes para este aumento, inclusive os pastos degradados, podemos realizar todos estes aumentos sem desmatamento”.
Conforme Pedro Estevão Bastos, o Programa Mais Alimentos é um sucesso. Em 2023 o setor faturou R$ 74,2 bilhões, sendo R$ 9,2 bi de exportação. “Estimamos que a agricultura familiar foi responsável por R$ 15 bilhões e a agricultura empresarial R$ 50 bilhões”.
As vendas do Programa Mais Alimentos estão concentradas no Sul e Sudeste do país, onde a cadeia de produção dos alimentos está bem estabelecida favorecendo a agricultura familiar, por exemplo a cadeia de proteína animal e as cooperativas agrícolas.
Na visão do presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (Abimaq), há uma grande oportunidade de levar o sucesso do Programa Mais Alimentos também para o Nordeste e Norte onde há um grande contingente de produtores familiares, na casa de milhões de propriedades. O programa da Nova Indústria Brasil do governo federal prevê aumentar a mecanização da agricultura familiar de 18% para 70% em 10 anos.
A Abimaq, por meio de Acordo de Cooperação Técnica, em conjunto com Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços vem atuando em estudos e iniciativas para viabilizar este aumento da mecanização da agricultura familiar.