As exportações dão equilíbrio para uma oferta e demanda ajustada e necessária, para o suinocultor ter valorização dos preços
Dados do IBGE referentes ao primeiro semestre de 2024 apontam que o mês de julho fechou com o maior volume exportado de carne suína brasileira da história para um só mês, com 119,3 mil toneladas de carne in natura, 27% a mais que julho de 2023 e 27,14% superior que junho/24. A última vez que os volumes de carne suína in natura embarcada ultrapassaram 100 mil toneladas foi em agosto de 2022.
O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador, avalia que esses números demonstram que o mercado externo, cada vez mais reconhece e busca pela qualidade e custo do produto brasileiro.
Exportações
Embora no acumulado do ano, a China ainda seja o principal destino da carne suína brasileira, em julho/24, pela primeira vez desde que passou a ser o maior parceiro, foi ultrapassada, com as Filipinas assumindo a liderança. A China que já comprou mais de metade das exportações no país, em julho/24, representou somente 14,9%. Além das Filipinas, outros importantes destinos asiáticos, como Japão e Singapura, junto com o Chile e México determinaram maior pulverização e o crescimento efetivo dos embarques em relação ao mesmo período do ano passado.

Conforme consta no site da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), o presidente da entidade, Marcelo Lopes comenta que, “os dados de abate do IBGE referentes ao primeiro semestre de 2024, só confirmam o que o mercado já sinalizava: está faltando suíno! O spread reduzido em relação ao preço da carne bovina e alto em relação a carne de frango, em outros tempos, seriam motivo de preocupação, pois significariam baixa competitividade no valor, porém, como o consumo de carne suína mudou de patamar no Brasil nos últimos anos a concorrência com as outras carnes está pesando menos que o efetivo balanço de oferta e procura da carne suína. Com o fim do ano se aproximando, custos relativamente estáveis e cotações em alta é hora de aproveitar o máximo potencial produtivo para suprir o apetite por carne suína do brasileiro e de nossos importadores”, conclui.
Com todo esse cenário de crescimento nas exportações, a preocupação do setor se refere em manter o status sanitário dos rebanhos brasileiros. “O status sanitário é o carimbo do nosso passaporte, principalmente para o mercado externo. Hoje, da produção brasileira exportamos em torno de 25% do que produzimos e os outros 75% é mercado interno, mas esses 25% de exportações é que dão todo o equilíbrio para que a gente tenha uma oferta e demanda ajustada e necessária, para que tenhamos uma valorização dos preços e a renda chegue até o produtor,” comenta Folador.
Essa conquista se deve a profissionalização do suinocultor que hoje precisa atender todas as questões das legislações ambientais e sanitárias, de bem-estar animal e biossegurança, que são, de acordo com Folador, os preceitos necessários para que o produtor possa ter a atividade sendo desenvolvida na propriedade.
“Porque se nós tivermos a ocorrência de alguma doença que tenha restrições de se exportar por determinado tipo de enfermidade que possa acometer o nosso rebanho, isso acaba afetando também, de certa forma, o consumidor brasileiro que fica com alguma dúvida em relação à segurança do produto oferecido”, enfatiza.
Por isso, o presidente da associação do RS, esclarece que manter o nível alto de sanidade dos rebanhos é a saída para continuar com o bom nível da carne oferecida pela suinocultura brasileira. “Quanto melhor, mais seguro e a produção sendo feita atendendo todos os preceitos necessários – ambientais, sanitários, de bem-estar animal, dos preceitos das pessoas que trabalham nas granjas de também estarem trabalhando de forma correta, atendendo todas as diretrizes trabalhistas, o mercado não vai impor restrições para a compra do nosso produto, nem no mercado interno e nem no mercado externo”, avalia.
Suinocultura nas mãos dos agricultores familiares
A suinocultura hoje está nas mãos das pequenas e médias propriedades do Sul do Brasil. Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina detêm em torno de 60% da produção brasileira. Em propriedades levadas principalmente pelas famílias de 20 a 50 hectares. “A suinocultura é uma atividade econômica importante que fez parte durante toda a vida das famílias e que hoje ainda estão na atividade. Eles se profissionalizaram e buscaram evoluir, porque a suinocultura é uma atividade extremamente exigente na questão da tecnologia, da genética, da sanidade, da nutrição, enfim, nos cuidados que se precisa ter,” diz o presidente da ACSURS.
Cenário econômico
Para o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador, 2024 entrou com uma mudança de cenário positiva para a suinocultura. “Vimos os custos de produção, já no segundo semestre de 2023 e em 2024, se concretizando ainda mais com a queda de custos pelos preços de milho e farelo de soja, que são itens essenciais para a alimentação dos suínos. A alimentação representa em torno de 80% do custo de produção, e a queda dos preços dessas duas matérias-primas proporcionou que, mesmo com os preços dos suínos que até o início do segundo semestre de 2024, não tinham tido força para ter grandes valorações, tirou o produtor da margem negativa, deixou numa margem econômica no 0 a 0 e, um pouco positiva, para aquela produção eficiente, para aquele produtor que é extremamente profissional na atividade”, explica.
Para ele, 2024 é o momento do produtor se recuperar, “eu vejo 2024 um cenário econômico positivo. O produtor ganhando dinheiro, tendo margem, podendo com isso botar em dia aquilo que ficou para trás lá em 2023, 2022, que foram anos difíceis de resultados econômicos negativos”.
Para Folador, isso se deve a questão da oferta e demanda. “O crescimento da suinocultura em 2024 não deve passar de 1, 1,5% e, quando nós não crescemos a produção acima da demanda de mercado interno e externo, a condição de preço, de valoração econômica, ela é melhor”,
Essa oferta e demanda ajustada, proporcionou uma capacidade de recuperação ainda maior. “Os preços dos suínos, principalmente para o produtor fora do sistema de integração, das cooperativas e das agroindústrias, – o produtor independente, melhorou significativamente em função disso”, revela.
De acordo com Folador, 30,33% da produção está na suinocultura independente, o restante está dentro do sistema de integração, das cooperativas e das agroindústrias.
No Rio Grande do Sul, em torno de 23% da suinocultura é feita por produtores independentes, e o restante dentro do sistema das cooperativas e das agroindústrias.
“Vale ressaltar que hoje o suinocultor, independente, integrado ou cooperado, o índice de eficiência, de cuidado, de profissionalismo, é exatamente o mesmo”, completa.
Incentivo ao consumo da carne suína
ABCS promove anualmente a maior estratégia de incentivo ao consumo de carne suína no varejo brasileiro, em 2024, foi a 12ª edição, que contou também com o lançamento da série exclusiva de vídeos, “De porco a porco”, em parceria com o chef Jimmy Ogro.
A Semana Nacional da Carne Suína (SNCS), é uma iniciativa da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e da cadeia da suinocultura, para incentivar o consumo da proteína junto ao varejo brasileiro. Com foco em regionalização, personalização, atacarejo e varejo de proximidade.
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, relembrou a história do trabalho para o aumento do consumo de carne suína que começou em 2005. “Quanta luta tivemos ao longo desses anos para chegar aqui agora ao lado de vocês e das maiores redes de varejo do país. Sem dúvida nenhuma é um case de sucesso, que hoje é um exemplo para o mundo! E é com esse trabalho e com o apoio de todos vocês que conseguimos chegar aos 20.68 kg de consumo per capita,” finalizou em depoimento que consta no site da ABCS.

A SNCS é a maior estratégia de incentivo às vendas e ao consumo de carne suína no Brasil, uma iniciativa premiada com resultados comprovados que agrega valor à proteína suína e traz ganhos financeiros para toda a suinocultura brasileira, com o apoio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS). Desde sua primeira edição, a campanha vem arrecadando crescimento e foi essencial para a conquista dos 20,68 kg per capita de 2023, totalizando um crescimento de mais de 50% no período de 12 anos.
ACSURS
A ACSURS tem como um de seus princípios representar e defender o suinocultor da porteira para fora. Portanto, está sempre envolvida em discussões, movimentos e ações em prol do setor. Também promove o Dia Estadual do Porco, que em 2025 chega a sua 49ª edição e participamos da Expointer, onde realizamos ações de incentivo ao consumo da carne suína.