Após 15 anos longe da terra, produtor retorna à fazenda da família na Bahia, investindo no cultivo de milho e criação de bovinos
No interior da Bahia, a Fazenda Queimada da Areia/Tabua, com uma área total de 75 hectares, serve de base para um exemplo clássico de sucessão rural. O jovem agricultor Luciano Dias do Nascimento, de 38 anos, assumiu a responsabilidade de manter viva a tradição agrícola da família, destinando parte da terra ao cultivo de milho e utilizando outras áreas, como as Fazendas Poço Verde e Feira Velha, para a criação de bovinos de corte. Com uma trajetória que envolve o retorno à atividade agrícola após anos em outro setor, ele se mantém firme no objetivo de ampliar sua produção e garantir a sustentabilidade das operações.
A escolha de seguir os passos do pai na agricultura não foi imediata. Por 15 anos, o produtor trabalhou na área de tecnologia da informação, até que decidiu retornar às raízes e ajudar nas atividades rurais. “Sempre quis acompanhar meu pai nas atividades agrícolas. Sendo o único filho homem, era meu sonho seguir junto com ele, administrar os terrenos e ajudá-lo a crescer. Decidi que era o momento certo para isso”, relatou.
Com o retorno às origens, o produtor começou a investir gradualmente no aumento da área de produção, de acordo com suas condições financeiras. “A área está estável, mas tenho ampliado conforme possível. Meu objetivo é crescer como produtor rural, evoluir tecnicamente no plantio e na criação de bovinos, além de garantir uma estabilidade financeira que me permita investir ainda mais”, explicou.
O cenário, no entanto, não é simples. O setor de criação de bovinos enfrenta uma queda nos preços, o que impacta diretamente o rendimento da fazenda. Ainda assim, o agricultor mantém uma visão otimista. “A criação está em queda por conta dos preços atuais, mas no cultivo de milho, a expectativa é superar a produtividade do ano anterior”, afirmou.
Em um contexto de agricultura que depende de variáveis como clima e preços de mercado, o produtor tem contado com o suporte do Sicredi, cooperativa de crédito, que auxilia pequenos e médios agricultores em diversas regiões do Brasil. Entre as operações realizadas, ele contratou custeio agrícola para as safras de milho de 2022/23, no valor de R$ 98 mil, e de 2023/24, no valor de R$ 128 mil, além de um investimento de R$ 73 mil em implementos. “O Sicredi se tornou não apenas uma instituição financeira, mas um parceiro de crescimento. Depois que conheci a cooperativa, tive uma assessoria que me ajudou a crescer como agricultor. A confiança que eles me passam facilita a gestão e me dá segurança”, contou.
A história desse agricultor não é apenas sobre produção e negócios, mas também sobre a continuidade de um legado familiar. Filho de um produtor rural, ele decidiu não só seguir os passos do pai, mas também preservar uma tradição que envolve gerações. “Meu avô e meus tios também eram agricultores, e hoje estamos aprimorando os métodos de produção que eles utilizavam. Isso reforça o valor da sucessão rural”, disse.
Além da questão familiar, ele destaca a importância de os jovens permanecerem nas propriedades rurais, especialmente nas áreas de agricultura familiar. “É fundamental que os jovens reconheçam a importância da terra e do trabalho no campo. A agricultura familiar precisa desse tipo de renovação para se manter forte. Ensinar aos meus filhos o valor de ser agricultor e de preservar essa tradição é algo que carrego como missão”, destacou.

O agricultor também vê no cooperativismo uma alternativa promissora para o fortalecimento da produção rural em pequenas cidades. Ele destaca que cooperativas, como a COAMO, poderiam trazer grandes benefícios ao pequeno produtor, proporcionando mais independência e segurança na produção. “As cooperativas de produção e beneficiamento são fundamentais para quem, como eu, busca ser mais autossuficiente. Graças aos recursos da agricultura familiar e ao suporte cooperativo, consegui ampliar minha área de produção”, ressaltou.
Com uma trajetória marcada pela superação dos desafios e pelo foco em crescimento sustentável, o produtor acredita que sua história reflete o futuro da agricultura familiar no Brasil: uma combinação de tradição, inovação e união através do cooperativismo. “Ser o sucessor do meu pai na agricultura é uma grande responsabilidade, mas também é um privilégio. Quero continuar esse legado e, um dia, passar para os meus filhos o mesmo orgulho que sinto em ser agricultor”, concluiu.