Programa busca qualificar produção de forragens no RS

O Rio Grande do Sul possui aproximadamente 365 mil estabelecimentos agropecuários e cerca de 86% estão enquadrados como agricultura familiar. A produção de leite está presente em 93% dos municípios gaúchos e a pecuária de corte envolve mais de 60 mil famílias. Entre 40 a 60% dos custos de produção estão na alimentação dos animais que tem como base a forragem, através de pasto e alimento conservado, com suplementação de ração. A forma mais barata de alimentação é sob a forma de pastagens, já que a unidade energética obtida com o uso de feno ou silagem custa o dobro da obtida com pastagens, enquanto que o uso de concentrado eleva o custo da unidade energética em quatro a cinco vezes a obtida na pastagem.

O planejamento forrageiro ainda é um desafio na produção animal no RS, já que a escassez de forragens nos meses frios aumenta os custos para a produção de leite e carne. Para garantir a oferta de alimentos de qualidade na produção agropecuária, a Embrapa Trigo fez uma parceria com a Emater/RS-Ascar e a Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado do Rio Grande do Sul (SDR) visando incentivar a utilização de forrageiras de inverno, a partir de espécies melhoradas e adaptadas, capazes de promover maior oferta de forragem de bom valor nutricional.

O governo do RS já conta com programas de fomento à aquisição de sementes na agricultura familiar para milho e sorgo no verão, e para aveia preta e azevém no inverno. Agora a parceria com a Embrapa permitiu disponibilizar também sementes de trigo, triticale e cevada, destinados à produção de forragem – pasto ou silagem – no outono e no inverno. “Contamos com tecnologias que permitem o cultivo de forragens na entressafra, fornecendo alimento de qualidade para os animais num período conhecido como ‘vazio forrageiro outonal’, quando as forragens de verão já acabaram e as espécies de inverno ainda não foram semeadas”, explica o chefe de transferência de tecnologia da Embrapa Trigo, Giovani Faé. No inverno, segundo ele, o cultivo de cereais pode gerar alimento conservado num período onde muitas áreas ficam ociosas, reduzindo custos e menor dependência do clima favorável para produção de silagem de milho verão.

Segundo o Chefe Geral da Embrapa Trigo, Joge Lemainski, a utilização da estação fria no Rio Grande do Sul promove a otimização do uso da terra, estruturando o solo enquanto produz alimento para suprir os animais nos períodos de escassez e libera as áreas para outras culturas no verão. “Através deste projeto estamos estimulando a intensificação sustentável da produção agropecuária, gerando renda e contribuindo para a segurança alimentar e aumento da eficiência da matriz produtiva no meio rural do Estado do RS”, afirma Lemainski. 

Transferência de tecnologias direto ao produtor

A equipe executora do projeto é responsável pelo monitoramento do desempenho das forrageiras na lavoura, desde a implantação até o fim do forrageamento. “A ideia é levar ao produtor opções de genética de cereais de inverno que tenham qualidade superior de forragem para tentar fechar o vazio outonal”, disse o engenheiro agrônomo da Embrapa Trigo, Cristiano Tomasi. Ele destacou que o Rio Grande do Sul conta com uma grande área ociosa no outono/inverno não por falta de opção, mas principalmente por falta de informação do produtor e dificuldade para acessar alternativas.

Dia de campo para transferência de tecnologias. Foto: Divulgação Emater-RS

A Emater/RS-Ascar também acompanha o trabalho dos produtores, com foco no manejo. “Ao longo do desenvolvimento das pastagens, nós mensuramos a produção de massa verde e orientamos sobre adubação e manejo destes pastos, principalmente sobre o momento de entrada e saída de animais, para que o agricultor tenha maior rentabilidade destes materiais ofertados hoje pela Embrapa”, disse o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Gilberto Bortolini.

De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Rural do RS, o programa busca fomentar a aquisição de sementes forrageiras a serem utilizadas na formação de pastagens, através de fornecimento de linha de crédito, aumentando a produção, a produtividade e melhorando a qualidade do leite e dos rebanhos de corte nos estabelecimentos de base familiar. “Queremos multiplicar estas informações para o maior número possível de produtores”, resumiu o representante da SDR, Jonas Wesz.

Equipe executora visitando produtores. Foto: Divulgação Emater-RS

Joseani Antunes

Embrapa Trigo