Ovinocultura e milho: produtor alia criação e cultivo no RS

Jovem destaca o apoio familiar e o crédito rural como peças-chave para o sucesso da propriedade, além da capacitação para seguir expandindo as atividades

Em Nova Hartz, no Rio Grande do Sul, a Cabanha Bastos, gerida por Daniel de Bastos, 19 anos, se destaca pela combinação da ovinocultura com o cultivo de milho e sorgo. Localizada em uma propriedade de dez hectares, a família Bastos não apenas mantém viva a tradição agrícola, como também busca expandir suas atividades com inovações e investimentos estratégicos.

“Desde pequeno, sempre sonhei em ser médico-veterinário”, conta Daniel, que está no quarto semestre da faculdade e já projeta o futuro como veterinário da cabanha. Ele é o gestor da propriedade, recebendo auxílio de sua avó, Aurélia Arnold, que reside no local, e de seus pais, Cristina Arnold e Ronaldo Bastos, que atuam em diversas etapas do processo produtivo. A participação da família é essencial tanto no manejo dos animais, quanto na organização dos galpões e na comercialização.

Com 6 hectares dedicados à produção, o milho é essencial tanto para a alimentação dos ovinos quanto para a comercialização de grãos e silagem. Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

As principais atividades desenvolvidas na propriedade são a ovinocultura e o plantio de milho e sorgo. Atualmente, seis hectares são destinados ao cultivo de milho, além de dez hectares arrendados. A última safra registrou uma produção média de 87 sacas por hectare. Parte dessa produção é destinada para a alimentação dos ovinos, enquanto outra parte, incluindo a silagem de sorgo, é comercializada.

Mesmo enfrentando desafios como o aumento no preço dos fertilizantes e os impactos climáticos, Daniel mantém o foco no crescimento da Cabanha Bastos. “Sempre há oportunidades para inovar na ovinocultura, mas o plantio de milho enfrenta desafios, como a alta de insumos”, explica o jovem produtor.

A história da ovinocultura na Cabanha Bastos teve um início inusitado. Daniel ganhou sua primeira ovelha como prêmio em um rodeio de laço, esporte que pratica e no qual já foi campeão estadual e nacional. “Meu pai comprou um companheiro para a ovelha, e assim, começamos a criação. Hoje, contamos com aproximadamente 150 animais na cabanha”, relembra.

A criação de ovinos é voltada tanto para o consumo de carne quanto para a comercialização de animais. “Nosso foco é garantir que os ovinos sejam adequados tanto para o consumo direto quanto para a venda a propriedades que desejam iniciar na ovinocultura”, afirma Daniel. A produção anual varia entre 140 e 170 animais, com um ciclo produtivo ágil, graças à escolha pela raça Santa Inês, que permite um retorno rápido sobre o investimento.

O dia a dia na propriedade é intenso. O manejo dos ovinos começa cedo, às 6h, com alimentação e verificação dos animais, seguido por atividades de plantio e manutenção dos galpões. “O trabalho no campo exige dedicação, não importa o clima. Nossa jornada vai das 6h às 19h”, relata o jovem, que concilia suas responsabilidades com os estudos na faculdade.

Dia a dia na propriedade é intenso. Manejo dos ovinos começa às 6h, com alimentação e verificação dos animais, seguido por atividades de plantio e manutenção dos galpões. Trabalho segue até às 19h. Foto: Arquivo pessoal

Outro aspecto essencial para o desenvolvimento da Cabanha Bastos é o apoio do Sicredi, que concede crédito rural desde 2021. “A cooperativa é fundamental para a agricultura familiar. Com o Pronaf, consegui modernizar meus implementos agrícolas, o que trouxe mais conforto e agilidade nas colheitas”, destaca Daniel. Ele planeja expandir ainda mais o negócio após concluir a faculdade de veterinária e conta com o Sicredi para alcançar esse objetivo.

Assim, a Cabanha Bastos se consolida como um exemplo de inovação na ovinocultura e na produção de milho, reforçando a importância da união familiar e do acesso ao crédito rural para a expansão de atividades agrícolas no interior gaúcho.