Produtores devem adotar estratégias de competitividade, visando a sustentabilidade, qualidade e aumento da produção por animal, através de assistência técnica, tecnologias e gerenciamento da propriedade rural
A produção de leite em 2023 foi de 35,4 bilhões de litros, superando o ano anterior que totalizou 34,5 bilhões de litros no ano, um aumento de 2,40%. O ano de 2024 inicia com crescimento na produção. O primeiro trimestre teve um aumento de 3,30% em relação ao mesmo período de 2023. No segundo trimestre de 2024, a captação formal de leite no Brasil enfrentou um pequeno aumento em relação ao segundo trimestre de 2023. O valor estimado é de 5,8 bilhões de litros captados, o que representa um aumento de 0,4% para o segundo trimestre de 2023.
O setor leiteiro brasileiro está passando por grandes e aceleradas transformações. De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, existe um distanciamento das propriedades produtoras eficientes das não eficientes. Esse mesmo movimento está acontecendo com as indústrias de laticínios. Essa mudança de exclusão dos menos eficientes aconteceu em várias cadeias do agronegócio mundial e não será diferente no Brasil. Com essa nova postura das lideranças é possível traçar estratégias e melhorar a competitividade de todos os participantes da cadeia do leite.
Assim, com a concentração de capital e produção nos diversos setores da cadeia do leite a atividade ficará mais organizada, mais homogênea, mais sustentável e mais competitiva e, consequentemente, a produção nacional voltará a crescer, superando os 35,4 bilhões de litros do ano de 2023.
A produção de leite no Brasil se caracteriza por estar presente em todo país, com uma diversidade de modelos e escala de produção que varia de 10 litros/dia a 140 mil litros por dia em uma única propriedade. Os estados que mais produzem leite são: Minas Gerais (quase 24% da produção), Paraná (14%), Santa Catarina (13%) e Rio Grande do Sul (12,8%).
Quantidade de leite cru inspecionado em 2023
Estados |
Volume no ano |
|
Litros (X 1.000) |
% |
|
Minas Gerais |
5.877.729 |
23,9% |
Paraná |
3.657.065 |
14,9% |
Santa Catarina |
3.201.569 |
13,0% |
Rio Grande do Sul |
3.156.903 |
12,8% |
São Paulo |
2.289.357 |
9,3% |
Goiás |
2.209.036 |
9,0% |
Rondônia |
564.136 |
2,3% |
Bahia |
548.197 |
2,2% |
Rio de Janeiro |
486.657 |
2,0% |
Sergipe |
449.638 |
1,8% |
Ceará |
422.816 |
1,7% |
Mato Grosso |
385.844 |
1,6% |
Pernambuco |
281.133 |
1,1% |
Espírito Santo |
252.316 |
1,0% |
Pará |
184.473 |
0,7% |
Mato Grosso do Sul |
130.633 |
0,5% |
Alagoas |
128.952 |
0,5% |
Tocantins |
111.089 |
0,5% |
Paraíba |
90.258 |
0,4% |
Rio Grande do Norte |
84.062 |
0,3% |
Maranhão |
48.771 |
0,2% |
Piauí |
17.413 |
0,1% |
Acre |
11.094 |
0,0% |
Amazonas |
10.543 |
0,0% |
TOTAL BRASIL |
24.599.684 |
*Fonte: IBGE 2024
Entretanto, é possível observar uma mudança brusca neste cenário nos últimos anos. O presidente da Abraleite, Geraldo Borges, destaca que ocorreu uma redução de 31,8% no número de vacas ordenhadas nos últimos 11 anos. “Essa mudança tem sido muito rápida. Em 2013, o Brasil ordenhava 22.954.537 de vacas, quase 23 milhões de cabeças. Em 2023, o número reduziu para 15.659.302 (15,7 milhões de animais)”, explica.
Número de vacas ordenhadas (cabeças) em 2023 |
N° de vacas |
% |
|
Minas Gerais |
3.045.682 |
19,4% |
75,4% |
Goiás |
1.623.920 |
10,4% |
|
Paraná |
1.197.687 |
7,6% |
|
Rio Grande do Sul |
1.043.589 |
6,7% |
|
Bahia |
969.683 |
6,2% |
|
Pará |
869.010 |
5,5% |
|
São Paulo |
861.906 |
5,5% |
|
Santa Catarina |
832.658 |
5,3% |
|
Ceará |
696.496 |
4,4% |
|
Pernambuco |
658.687 |
4,2% |
|
Maranhão |
636.021 |
4,1% |
|
Tocantins |
521.339 |
3,3% |
|
Rondônia |
354.715 |
2,3% |
|
Rio de Janeiro |
341.197 |
2,2% |
|
Paraíba |
296.923 |
1,9% |
|
Alagoas |
280.930 |
1,8% |
|
Mato Grosso |
275.258 |
1,8% |
|
Rio Grande do Norte |
266.798 |
1,7% |
|
Espírito Santo |
244.528 |
1,6% |
Sergipe |
205.150 |
1,3% |
Mato Grosso do Sul |
164.661 |
1,1% |
Piauí |
97.212 |
0,6% |
Amazonas |
89.665 |
0,6% |
Acre |
46.823 |
0,3% |
Roraima |
18.740 |
0,1% |
Distrito Federal |
14.924 |
0,1% |
Amapá |
5.100 |
0,0% |
TOTAL BRASIL |
15.659.302 |
100% |
*Fonte: IBGE 2024

O número de produtores de leite era 1,8 milhão em 1995/96, com uma produção anual de 16 bilhões de litros. Em 2017, sofreu uma leve diminuição, passando para 1,18 milhão, com a produção anual de 33 bilhões de litros por ano. Essa concentração da produção, ou seja, menos propriedades rurais produzindo mais, se deve à melhor estruturação do setor, com maior eficiência nos fatores de produção.
O mesmo movimento também se observa nas indústrias de laticínios do Brasil. Em 2013 existiam 2.125 laticínios sob inspeção municipais, estaduais e federal. E, em 2023, o número passou para 1.766, totalizando uma redução de 358 indústrias (-16,9%).
Principais estados produtores de leite no Brasil
O presidente da Abraleite aponta que diversos fatores contribuem para a produção ser maior em alguns estados e menor em outros. Segundo ele, alguns fatores de produção de dentro e fora da porteira, é que definem a produção de leite nos estados brasileiros:
Fora da porteira |
Dentro da porteira |
||
Cultura e tradição alimentar |
Modelos de negócios |
||
Cultura e tradição na produçãoagropecuária |
Rentabilidade da atividade (atratividade) |
||
Clima, relevo, solo e água |
Conhecimento na produção de leite |
||
Complexo agroindustrial |
Conhecimento na produção agrícola |
||
Fornecedores de insumos e equipamentos |
Mão de obra compatível |
||
Competição com outras atividades |
Assistência técnica |
||
Incentivos fiscais |
Disponibilidade de animais |
Aumento na produção leiteira
Diversos estudos demostram a necessidade de olhar para a cadeia do leite de forma diferente como era vista até então. Várias propriedades estão desempenhando a atividade leiteira com excelentes indicadores zootécnicos, resultando em altas performance nos números financeiros e econômicos. Esse estrato de fazendas eficientes tem aumentado e logo, ocasionando o crescimento da produção de leite.
Acredita-se que esse aumento da produção está relacionado a diversos fatores, entre eles, os conhecimentos técnicos e gerenciais colocados na prática, proporcionando atuações efetivas nos fatores de produção. As propriedades rurais que esperam a melhoria da atividade (mais dinheiro no bolso) via preço de leite passam por muitas dificuldades de caixa. O ano de 2023 mostrou o quanto o leite brasileiro pode sofrer interferências locais e mundiais. “Um exemplo é a variabilidade de resultados de propriedades leiteiras no Brasil. A tabela abaixo mostra a Taxa de Remuneração do Capital (%) com e sem terra:
Estrato de produção |
Sem terra (%) |
Com terra (%) |
Até 500 litros/dia |
2,7 |
1,0 |
500 a 1.000 litros/dia |
6,6 |
2,7 |
1.000 a 2.000 litros/dia |
8,7 |
3,4 |
2.000 a 4.000 litros/dia |
15,1 |
7,2 |
Acima de 4.000 litros/dia |
17,6 |
9,9 |
*Fonte: Labour Rural/ Embrapa 2024
Isso significa que os estratos de produção de maiores escalas adotam tecnologias e atuam nos fatores de produção, reduzindo as interferências mercadológicas, tais como oscilações nos custos de produções, as importações e seus reflexos, causando variações de preços do leite mês a mês.
“As propriedades com menores produções diárias também podem ser eficientes se adotarem técnicas, gestão zootécnica, financeira e econômica, atuando nos fatores de produção. O que importa é a atitude do produtor leiteiro no final do dia na propriedade”.
Gestão é primordial nas pequenas propriedades familiares
A agricultura familiar é uma modalidade de produção agrícola onde a maior parte da mão de obra empregada nas atividades rurais e o gerenciamento do estabelecimento rural são caracterizadas ou feitas por pessoas pertencentes a um mesmo grupo familiar. Muitas vezes é confundido o agricultor familiar com o produtor de pequena produção. “Por esse conceito, é difícil estimar qual o percentual do leite é produzido pelos agricultores familiares. O que é possível destacar são as diferenças de competitividade causadas pelos modelos de negócios, culturas, resistência à adoção de técnicas e gestão da atividade. A pecuária de leite brasileira passou por vários anos por tabelamentos de preços de leite até 1994, com a chegada do Plano Real. Após esse período, as diversas cadeias do agronegócio passaram por um processo de inovação, modernização e globalização de forma a reduzir a interferência do governo e aumentando as ações, estratégias e trabalhos executivos e técnicos para desenvolvimento e organização das cadeias. O Brasil possui vários exemplos, tais como as aviculturas de corte e postura, suinocultura, soja, milho, café, laranja, cachaça e os queijos artesanais”.
Em Minas Gerais, existem muitas propriedades de agricultura familiar que utilizam bem os fatores de produção, vivem na propriedade, possuem bons indicadores zootécnicos, financeiros e econômicos. “Esses modelos de negócio, bem administrados com assistência técnica e mentalidade gerencial, estão permanecendo na atividade e, até mesmo, resgatando outros membros da família para a atividade familiar”, acrescenta o presidente da Abraleite.
Ele destaca ainda que, o importante é evitar a ausência de gestão, de conhecimentos técnicos, resistência em mudar a forma de trabalhar, pois tudo evoluiu de uma forma muito rápida. “Tem-se como exemplo o melhoramento genético do rebanho bovino. Há 20 anos, era difícil encontrar vacas de leite com produção de 20 litros/dia. Atualmente, esses animais são comuns nas propriedades. A grande diferença é que há necessidade de manejar essas máquinas de produção de forma a atender o bem-estar animal, a nutrição, a sanidade e o manejo em geral. Isso não depende do tamanho da propriedade rural, mas sim, da atitude do produtor em querer atender aos requisitos desses animais leiteiros”.
Geraldo Borges acrescenta ainda que é possível iniciar a assistência técnica em uma propriedade de leite com produção inferior a 200 litros, com 20 vacas em lactação e, utilizando os recursos disponíveis no local. Podendo aumentar o volume de leite através da melhoria da produtividade das vacas, produção de alimentos e dieta correta para o rebanho.
Mudança nas propriedades
Apesar da produção leiteira no país existir tanto na pequena quanto na grande propriedade, o presidente da Abraleite explica que o cenário dentro delas também mudou nos últimos anos. A referência é que 20% das propriedades produzem 80% do leite e, 80% das propriedades fornecem 20% do leite. “O que aconteceu na linha do tempo é que a média de produção por propriedade de leite vem aumentando. Atualmente, existem menos propriedades rurais produzindo uma quantidade maior de leite. Um exemplo, citado por um estudo recente da Embrapa (Carvalho, 2024), identificou que os laticínios operavam com 30.373 litros/dia em 2013 e 38.037 litros/dia em 2023, um aumento de 25,2%. Nesse mesmo estudo, os produtores saíram de 337 litros/dia para 471, com expressivo aumento de 39,8%. “Pode-se concluir que, a atividade leiteira pode ser atrativa para pequenos, médio e grande laticínios e produtores, porém é necessário fazer os processos corretamente para obter produtividade e renda. O grande segredo é estar em constante evolução, inovações e transformações com os recursos disponíveis na propriedade, com suporte técnico e muito planejamento técnico e financeiro”, esclarece.
Atenção à agricultura familiar
No que diz respeito à produção de leite, Borges afirma que é fundamental mudar o olhar para a agricultura familiar. Segundo ele, a maioria das propriedades possui terras e recursos disponíveis para crescimento da produção e das margens da atividade leiteira. “O que lhes faltam são conhecimentos técnicos e gerenciais. Muitas propriedades estão sendo recuperadas e os filhos estão retornando para a atividade, visando aumentar a força de trabalho e, ao mesmo tempo, melhorar os fatores de produção. A atividade leiteira é rentável, mas o volume de dinheiro gerado pelas propriedades precisa ser suficiente para atender as demandas de pais e filhos”.
Ele exemplifica, indicando que os números podem ser alterados. E cita um estudo que considerou duas fazendas semelhantes, com 45 hectares, sendo que o diferencial entre elas é o modelo mental e a atitude do produtor. No cenário 2, o produtor buscou ajuda da assistência técnica e transformou a vida da família. Com essa postura, ele dobrou o volume de dinheiro no bolso por mês, apenas utilizando de forma mais eficiente os recursos já existentes na propriedade, conforme a tabela abaixo. Ele melhorou a alimentação das vacas, possibilitando obter melhor o retorno do seu investimento, através do aumento de volume de leite. Com o manejo, secou as vacas de baixa produção e tratou das vacas secas para retornarem à produção o mais rápido possível. “Isso se chama atitude de um produtor de leite, buscando trabalhar de forma mais eficiente dentro da porteira. Desta forma, conseguiu aumentar o número de vacas em lactação para 20 animais, a produtividade média passou para 20 litros/vaca/dia e manteve o mesmo preço de leite e a margem bruta. Enquanto isso, o outro produtor de leite do cenário 1 continuou com a resistência em implementar as recomendações técnicas , mantendo no ciclo de empobrecimento constante, apesar de ter mais 30 animais no rebanho total, com genética inferior, comparado com a fazenda do cenário 2. A diferença de valor do rebanho é apenas de R$ 25 mil”
Características da propriedade |
CENÁRIO 1: Resistência |
CENÁRIO 2: Produtividade |
|
Atual |
Após assistência técnica (1 ano) |
||
Tamanho da terra (hectares) |
45 |
45 |
45 |
Área produtiva (hectares) |
30 |
25 |
25 |
Total do rebanho |
80 |
50 |
50 |
N° vacas em lactação |
20 |
15 |
20 |
% de vacas em lactação |
20% |
30% |
40% |
Média das vacas em lactação(litros/dia) |
7 |
12 |
20 |
Produção total (litros/dia) |
140 |
180 |
400 |
Preço do leite (R$) |
2,50 |
2,50 |
2,50 |
Faturamento mês (R$) |
10.500 |
13.500 |
30 mil |
Margem Bruta/mês |
30% |
30% |
30% |
Total de dinheiro no bolso |
3.150 |
4.050 |
9 mil |
Consumo nacional
De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, o consumo de leite, na forma fluida ou de derivados lácteos, varia de acordo com a idade das pessoas. A recomendação para crianças de até dez anos é de 400 ml/dia, isto é, 146 litros/ano de leite fluido ou equivalente na forma de derivados. Para os jovens de 11 a 19 anos, o consumo é maior, de 700 ml/dia ou 256 litros/ano e, para os adultos acima de 20 anos, a recomendação é de 600 ml/dia ou 219 litros/ano, inclusive para os idosos.
Conforme o diretor científico da Comissão Técnica Nacional da Abraleite, Cássio Camargos, o Brasil encontra-se abaixo no ranking de consumo de leite quando comparado com os outros países desenvolvidos. O consumo por pessoa é de 176 litros de leite ao ano, em média, em 2022.
Com a dinâmica do mercado em constante evolução, impulsionada por fatores como mudanças nos hábitos alimentares, preocupações com a saúde e sustentabilidade, e avanços tecnológicos, prever o consumo de leite e seus derivados torna-se crucial para o planejamento estratégico e a competitividade do setor. Nesse aspecto, Cássio Camargos destaca que toda a cadeia precisa fazer o seu papel para aumentar o consumo de leite. “O produtor gerando percepção de valor com a sustentabilidade, bem-estar animal, rastreabilidade, sanidade do rebanho, qualidade do leite proporcionando o leite como alimento seguro. A indústria com a transparência, ESG/sustentabilidade e bons e atraentes produtos. O varejo e atacado com apresentação adequada e conservação dos produtos lácteos, gerando desejo de consumo”, explica Camargos.

Todavia, o aumento de consumo está diretamente ligado ao poder de compra do consumidor. Na atual conjuntura do Brasil, as incertezas podem atrapalhar e, ao contrário, a estabilidade econômica e aumento do poder de compra nos próximos meses com juros mais baixos e câmbios favoráveis, tendem a influenciar o consumidor a escolher maior variedade de produtores lácteos, principalmente pelo apelo da alimentação saudável. Como aconteceu em 2023 quando a média de consumo por habitante subiu para 184 litros/ano.
A busca pela autossuficiência na produção de leite no país
De acordo com o diretor científico da Comissão Técnica Nacional da Abraleite, Cássio Camargos, o país é quase autossuficiente na produção de leite. Cerca de 2 bilhões de litros foram importados no ano passado para atender a demanda. “Tendo em vista a demanda de leite atual, considerando a média de 184 litros/habitante/ano com a população de 204,13 milhões, em 2023, seriam necessários 37,6 bilhões de litros produzidos. Essa demanda de 2023 foi atendida com a produção nacional de 35,4 e mais 2,2 bilhões de litros de leite importado”.
Porém, se o poder de compra melhorar e o consumo passar para 200 litros/habitante/ano, a produção precisaria atingir 42,6 bilhões de litros/ano. “Outra conta referência é: para cada 10 litros de leite no aumento do consumo, serão necessários 2,1 bilhões de litros produzidos a mais por ano. Vale ressaltar que a OMS recomenda 600 ml/dia/habitante, o que totaliza 220 litros/ano”, acrescenta.
Para alterar o cenário atual de produção de leite, objetivando atingir 42,6 bilhões, seria necessário a cadeia agir em conjunto para resolver alguns gargalos, tais como:
Elos da cadeia do leite |
Gargalos |
Solução |
Fornecedores de insumos |
Pressão comercial |
Apoiar no desenvolvimento das propriedades rurais com recomendações técnicas. |
Uso responsável de produtos veterinários |
Garantia da qualidade da matéria prima, leite seguro. |
|
Produtor de leite |
Resistências amodernizações,inovações e assistência técnica |
Adotar e acreditar na assistência técnica para inovar, produzir mais com menos. |
Crédito |
Aplicar o crédito de forma correta para gerar aumento de produtividade, produção e margens. |
|
Logística1° percurso (propriedade- indústria) |
Roteirização |
Maximizar as rotas de coleta com uso de software. |
Condições das estradas |
Reduzir gastos de manutenção dos veículos, tempo de deslocamento e gestão do frete. |
|
Indústria |
Relação com produtor |
Estabelecer uma relação ganha ganha com padrões de qualidade, volume, eficiência operacional e redução de perdas no processo de captação de leite. |
Eficiência industrial |
Aumentar os rendimentos industriais com melhores processos, com matéria prima de excelente qualidade, mais sólidos e com o uso intenso de gestão de indicadores deperformance. Reduzir perdas e maximizar fatores de produção. |
|
Variedade de produtos |
Diversificação de produtos para atender demandas dos consumidores (inovar), criar novos hábitos. |
|
Logístia 2° percurso(indústria-varejo) |
Maximização dos fretes |
Organizar a distribuição de produtos para evitar deslocamentos de carretas vazias. |
Varejo e atacado |
Marketing |
Identificação das demandas de cada perfil e geração de consumidores. |
Comunicação |
Estabelecer uma comunicação assertiva, gerando percepção de valor, tais como a sustentabilidade, uso da terra, bem-estar animal, rastreabilidade e o combate a desinformação. |
|
Apresentação nos pontos de venda |
Colocar os produtos lácteos em locais bem apresentados e criar campanhas de vendas e consumo. |
|
Consumidor |
Ǫualidade |
Exigir qualidade, sabor, aspectos nutricionais e segurança do alimento. |
Poder de compra |
Escolher políticos que garantam o desenvolvimento econômico do Brasil. |
|
Cobrança |
Cobrar dos produtores, das indústrias, do varejo e atacado transparências e informações para tomada de decisão e escolha de produtos lácteos que atendam as suas exigências. |
Importação
De acordo com o diretor científico da Comissão Técnica Nacional da Abraleite, Cássio Camargos, a importação de leite acontece por questão de oportunidade de preços, causados por câmbio internacionais e preços dos produtos no mercado de origem. A importação chega ao Brasil e provoca uma série de ajustes na cadeia do leite nacional, não só no setor produtivo. As importações brasileiras de 2023 foram realizadas por trades, por supermercados, indústrias de alimentos e laticínios. “Esse novo formato trouxe reflexos danosos para o mercado, mas também estimulou a cadeia leiteira a trabalhar dentro de novas regras internacionais e globalizadas”.
As impostações aconteceram dos países do Mercosul, sendo a Argentina em primeiro lugar, seguido do Uruguai e Paraguai.
Como buscar o aumento da produção, sem aumentar o número de animais
O presidente da Abraleite comenta que já há estudos e ações visando o aumento da produção de leite sem necessitar aumentar o número de animais na propriedade rural. “Em um estudo recente em Minas Gerais, foram visitados 2650 cooperados, e identificadas duas grandes demandas citadas pelos produtores de leite. A primeira, 45% citaram a necessidade da assistência técnica e a segunda, 23,5% eram referentes à demanda de crédito. Um fator está relacionado ao outro, ou seja, se uma propriedade rural tiver acesso à assistência técnica e essa oferecer orientações sobre onde, como e quando utilizar o crédito, o aumento da produção, da produtividade e das margens serão garantidas”.

O ano de 2023 trouxe vários ensinamentos para a cadeia do leite e um novo olhar segmentando cada elo de acordo com as eficiências dos negócios. “Mudaram a forma e o modelo de discurso. Os líderes perceberam a necessidade de ações efetivas nos fatores e produção dentro e fora da porteira para entrar no mundo do leite globalizado, competitivo e sustentável. Alguns marcos ficaram para ser estudados e aprendidos, entre eles o cenário de altas importações que chegaram a 9% do volume total de leite inspecionado (Carvalho, G. 2024). A necessidade de saber o que o setor precisa para ser competitivo demanda mudança de postura da cadeia do leite, trazendo à tona a oportunidade de entender melhor os fatores de produção e de um novo olhar para o leite, da porteira para dentro e para fora, até o consumidor. Os elos da cadeia do leite estão interligados e dependentes”, ressalta o presidente da Abraleite.
Ele conclui enfatizando que o ano de 2023 foi um marco na história do leite, aproximando a cadeia desse alimento do cenário mundial dos demais produtos do agronegócio já consolidadas com eficiência operacional, custos competitivos, padrões de qualidade internacionais e, o mais importante, com consumidores internacionais desejando os produtos brasileiros. “O ano de 2023 também deixou algumas perguntas para nossas reflexões: quais as características que separam os participantes da cadeia do leite que são eficientes dos menos eficientes? Qual estrato de produção que consegue ser competitivo: os pequenos, médios ou grandes produtores? Quais os motivos de saída da atividade dos produtores e laticínios?”