Central atua com castanha-do-brasil, produção de látex – borracha tipo GEB -, polpa de frutas, palmito de pupunha e se prepara para iniciar a comercialização de café
Com a necessidade de agregar valor aos produtos do extrativismo da Amazônia, foi fundada no final de 2001, a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre). A ideia partiu da palavra união: era necessária a criação de uma central que reunisse todas as cooperativas de extrativistas do Estado, para assim, garantir a comercialização de forma justa.
Inicialmente, a Cooperativa recebeu do governo do Estado um galpão em que eram armazenadas e comercializadas castanha-do-Brasil in-natura para o mercado brasileiro e Bolívia. Mas foi em 2006 que a cooperativa deu seu primeiro passo rumo a agregação de valor com o recebimento de duas unidades de beneficiamento de castanha em concessão, uma em Xapuri e a outra em Brasiléia.
Localizada em Rio Branco, a Central está hoje entre as cinco maiores beneficiadoras de castanha do país, com planos de se tornar a maior do mundo. Está presente em cerca de 18 municípios e tem mais de 4 mil famílias associadas. Possui sete complexos de beneficiamento e dois pontos comerciais de venda, um em Xapuri e outro em Rio Branco. Fora as plantas de beneficiamento, a Cooperacre também atua com dezenas de associações.
A Central é um dos elos que envolve outras 13 cooperativas da região, que recebem as produções dos agricultores familiares e são transportadas até a plataforma industrial da Cooperacre, responsável pelo beneficiamento e comercialização. Ela atua com castanha-do-Brasil, borracha, advinda principalmente dos seringais nativos do Acre -, polpa de frutas, palmito de pupunha e, em breve, com café.
Atualmente a Cooperacre possui 30 galpões comunitários para armazenamento, quatro galpões centrais e sete indústrias para beneficiamento. A cooperativa coordena as atividades dos produtores, fornecendo capacitações e assistência técnica e comprando a produção, que beneficia e vende nos mercados consumidores e institucional. Também fornece apoio administrativo e contábil às aglutinadas.
Produção
São 10 as frutas produzidas na região e entregues para beneficiamento na Cooperacre, entre nativas e cultivadas. Entre as frutas nativas estão o açaí e o cajá, e as cultivadas são: abacaxi, acerola, caju, cupuaçu, manga, maracujá, goiaba e graviola. As frutas são transformadas em polpas e comercializadas no mercado nacional, mas conforme o diretor-superintendente da cooperativa, Manoel Monteiro de Oliveira, o planejamento é exportar a polpa de fruta concentrada.

No momento, a cooperativa se organiza para atuar no beneficiamento e comercialização do café, atendendo a uma solicitação dos agricultores associados, que passaram a cultivar a planta. “Estamos nos preparando para iniciar a venda do café em 2025 no mercado nacional, mas para 2026, a meta é iniciar a exportação”, conta.
A castanha-do-brasil é beneficiada e empacotada para a venda, sendo que 50% da produção fica no mercado interno e a outra metade é destinada para a exportação. Os produtos da Cooperacre são certificados: a borracha tem o certificado Fair For Life; a castanha, apesar de ser totalmente orgânica, ainda não tem o selo orgânico, mas possui o certificado Global Marketing, entre outros, que lhe possibilitam a exportação, além de relatórios de auditorias de grandes empresas compradoras que a credenciam para exportar.
Anualmente, a Cooperacre recebe cerca de 6 milhões de quilos da castanha-do-brasil in natura, 900 mil quilos de borracha e, entre as 10 variedades de frutas, cerca de 1 milhão de quilos por ano. Matérias-primas que depois são transformadas em produtos para comercialização no mercado interno e externo.

No Brasil, os produtos são vendidos para mais de 20 estados, dentre eles: São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Bahia, Rio Grande do Sul, entre outros. No mundo já chegaram nos Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, Filipinas, Itália, Kuwait, Peru, Lituânia, Rússia e Chile.
O trabalho da Cooperativa é fundamentado na responsabilidade social, preservação florestal, crescimento sustentável, transparência e credibilidade. “Se as pessoas que trabalham na floresta não comercializarem seus produtos a um preço justo, elas vão acabar indo para a cidade. Então essa é uma forma de levar melhores condições de vida para esses agricultores, mantendo a floresta em pé”, explica Monteiro.
O resultado dessa preocupação é visto nas parcerias que a Cooperacre possui com os contratos firmados com empresas multinacionais de grande credibilidade do mercado de alimentação e moda.
A superintendente regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Acre, Alessandra Ferraz, comenta sobre a parceria com a Central.
“A Cooperacre é um caso de sucesso, porque adota a gestão estratégica com foco em resultados em suas cadeias produtivas e soube aproveitar suas potencialidades e oportunidades para enfrentar os desafios e adversidades num contexto amazônico de muitos obstáculos logísticos. A Conab apoiou a Cooperacre no início de sua criação durante anos com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), na modalidade de CPR Estoque e continua apoiando, por meio de outros programas como o PAA na modalidade Compra com Doação Simultânea e a Política de Garantia de Preços Mínimos dos Produtos da Sociobiodiversidade (PGPMBio), em que algumas de suas unidades singulares tais como, Coopasfe, Cooperxapuri e Coopaeb, acessam a PGPMBio, visando apoiar o extrativismo vegetal e a sociobiodiversidade”.
