Com previsão de destinar mais de R$50 bilhões em recursos livres e direcionados para financiar o ciclo produtivo do plano safra 24/25 da agricultura e da pecuária do país, o Bradesco quer crescer até 15% de “market share” de sua carteira de crédito dedicada ao setor
Por: Roberto França, diretor de Agronegócios do Bradesco
O Bradesco traz para o Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar uma palavra de reafirmação do nosso compromisso com o agronegócio. Nos orgulhamos da posição de maior financiador privado deste setor pujante e estratégico da economia, que distingue o nosso país como um dos principais produtores de alimentos do planeta. A liderança que temos ocupado reflete a confiança dos produtores rurais em nossa marca, capacidade financeira e agilidade operacional. Estamos cada vez mais juntos.
Nosso papel no apoio ao crescimento da atividade agronegócio é oferecer soluções financeiras sob medida aos produtores de todos os segmentos. Para isso, ampliamos neste ano a nossa estrutura, reforçamos as nossas equipes e temos nos dedicado a trocar conhecimentos com o produtor rural, sobre o crédito para cada etapa da safra, bem como do manejo da produção de proteína animal.
Hoje, os recursos do setor privado para o financiamento rural são imprescindíveis para fazer frente a toda demanda gerada pelo agronegócio. Os recursos do governo no Plano Safra 24/25 (R$476 bilhões em sua totalidade) não são suficientes para atender a todas as demandas de crédito dos produtores rurais. Por isso, a cada ano, a proporção dos recursos livres dedicados ao setor tem crescido e ganhado relevância.
O que temos visto é uma divisão que mostra claramente dois universos de tomadores de crédito produtivo. De um lado estão os pequenos e médios produtores, com operações que se desenvolvem em áreas de até 100 hectares. É nesse campo que se situa a agricultura familiar.
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), atende aos que faturam anualmente até R$500 mil, o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp), contempla aqueles que faturam acima de R$500 mil até R$3 milhões e que 80% da renda seja da atividade rural, enquanto os demais recursos subvencionados são dedicados aos produtores que movimentam anualmente mais de R$3 milhões. Daí para cima, o crédito é, exclusivamente, privado, extraído dos recursos das próprias instituições financeiras, de suas tesourarias e de títulos como as Letras de Crédito Agrícola (LCAs).
Período de normalidade
Entre 2020 e 2022, o setor viveu uma bonança dentro da adversidade da crise global de saúde, uma fase de anormalidade positiva. Com a disparada nos preços das commodities no mercado internacional, as margens para o produtor brasileiro aumentaram de modo sustentado. Isso porque também subiram com os preços os custos em insumos, fertilizantes, máquinas e equipamentos. Estamos vivendo um momento de retorno à normalidade, em que os preços e as margens retornam aos seus patamares históricos. Mesmo assim, a agropecuária continua com ótimas margens enquanto atividade econômica. A euforia, no entanto, passou.
Em nossos diálogos com os produtores rurais parceiros do Bradesco, destacamos que os preços históricos são os que contam no longo prazo, e não as exceções. O melhor balizamento está mesmo na observação dos retornos históricos.
Em 2024, projetamos que nenhum setor do agronegócio vai sofrer algum tipo de retrocesso, a não ser que alguma anomalia climática aconteça. Em condições normais, a agricultura vai colher perto das 300 milhões de toneladas de grãos obtidas na safra anterior. A boa notícia é que o produtor deverá precisar de menos recursos para financiar a sua atividade, uma vez que os preços dos insumos se acomodaram e ele tende a manter a sua produção.
Neste quadro de estabilidade de produção agrícola – com um viés de alta para a pecuária -, a nossa previsão é de uma pequena redução no total dos financiamentos verificados no ano passado. Os cerca de R$110 bilhões que nós emprestamos ao longo de 2023 devem chegar a R$120 bilhões até o final de 2024. Desse montante, R$70 bilhões estão sendo emprestados diretamente para o financiamento da produção, enquanto outros R$50 bilhões vão sendo destinados a atividades indiretas, como a exportação. O Bradesco deverá crescer o seu market share entre 10% e 15% do total da nossa carteira atual.
Para nós, o agronegócio é estratégico. A vocação do Bradesco, desde a sua fundação, é apoiar firmemente a atividade agropecuária. Esse compromisso, que muito nos orgulha, é cada vez mais atual e reforça o nosso posicionamento de estar lado a lado com o produtor rural e de ponta a ponta em todo o seu ciclo produtivo.