A missão de reconstruir a produção agrícola no Rio Grande do Sul

Paulo Pimenta, ministro da Secretaria da Comunicação Social da Presidência da República

No dia 15 de maio de 2024, o presidente Lula me designou para uma missão: comandar o Ministério da Reconstrução do Rio Grande do Sul e liderar as principais ações do governo federal que pudessem garantir um recomeço de vida às famílias gaúchas e à economia do Estado. Até 11 de setembro de 2024, quando encerramos o status de ministério da pasta, coloquei minha total dedicação e esforço na condução deste desafio. Estive em todas as regiões do Estado e pude perceber que o desastre climático levou vidas, destruiu casas, pontes, empresas, estradas e afetou profundamente um dos setores fundamentais para a economia gaúcha: a agricultura. Portanto, diante de tamanho compromisso, nossas ações para o campo se pautaram pelo diálogo constante com todas as entidades que representam quem está, diariamente, na luta para produzir alimentos de qualidade. 

Felizmente, parte da produção de soja e arroz havia sido colhida em abril, antes da enchente. Ainda assim, houve uma perda elevada de produção de soja, hortigranjeiros, arroz, solo e de estruturas rurais nas regiões mais afetadas. A mitigação dos efeitos do endividamento, que já vinha de antes, tem sido um dos pontos de atenção. O governo federal estendeu prazos, disponibilizou descontos nas dívidas e abriu novas linhas de financiamento aos agricultores: R$ 4 bilhões em crédito subsidiado, R$ 600 milhões para o Fundo Garantidor a quem não tinha mais aval e R$ 1,8 bilhão para rebater dívidas de quem mais necessitava: os pequenos e médios agricultores.

As medidas de renegociação de prazos nas operações de crédito e de desnegativação foram essenciais, uma vez que a maioria dos agricultores não conseguia acessar aos programas emergenciais por conta de dívidas estruturais. Foram prorrogados por três vezes todos os financiamentos rurais que tinham parcelas a vencer a partir de maio de 2024. 

Por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e de Apoio aos Médios Produtores (Pronamp), foram disponibilizados R$ 4 bilhões em créditos com juros negativos e longuíssimo prazo, que já beneficiaram mais de sete mil produtores na recuperação do solo, benfeitorias e máquinas. Aos produtores que tiveram perdas de renda operacional iguais ou superior a 30%, em decorrência das chuvas excessivas (alagamento, enxurrada, deslizamento, inundação, apodrecimento de grãos, etc.), há a concessão de desconto de parcelas de operações de crédito rural de custeio, investimento e industrialização por meio da MP 1.247/24. Além disso, a MP 1.254 /24 destinou R$ 1,8 bilhão para que os descontos sejam executados, com vistas à liquidação ou renegociação das parcelas de operações de crédito rural que vencem entre 1º de maio e 31 de dezembro de 2024, dos municípios em emergência ou calamidade pública.

Os agricultores com dívidas de recursos livres em bancos, cooperativas, cerealistas e fornecedores de insumos também poderão ter acesso à linha do Fundo Social/ BNDES, oriunda dos royalties do Pré-Sal.  Os bancos foram autorizados a emprestar a juros de 7 a 10% ao ano e permitir que as dívidas que os produtores tinham com fornecedores – na faixa de 18% a 25% ao ano – sejam reduzidas significativamente a serem alongadas entre cinco a oito anos. As cooperativas e cerealistas são obrigadas a repassar no mínimo 70% do capital de giro obtido para liquidar os débitos dos produtores nas mesmas condições vantajosas obtidas. E mais: as cooperativas serão também beneficiadas pelo acesso ao Fundo Social da Resolução CMN 5.172/24, que permitirá retenção de até 30% do volume contratado como capital de giro. Afora isso, as cooperativas de proteína animal e vitivinícolas, por exemplo da agricultura familiar, poderão acessar capital de giro diretamente para alavancar suas operações.

No apoio aos povos originários e aos mais de 10 mil assentados da reforma agrária no Estado, as famílias recebem R$ 16 mil cada para retomar a produção de alimentos. Na cultura de arroz, os trabalhadores do campo contam com a oferta de sementes da Conab, que colocou, ainda, mais de 8 mil toneladas de milho a preço 10% mais barato em diferentes regiões do Estado para garantir alimentação animal. Um grupo de trabalho composto pela Embrapa, Universidades e Institutos Federais gaúchos desenvolve um diagnóstico e um amplo programa de recuperação dos solos gaúchos, afetados em mais de 2,7 milhões de hectares pela erosão hídrica.

Esses são exemplos, entre tantos, da responsabilidade que assumimos. A Secretaria para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul e seus técnicos requisitados seguem na escuta das demandas dos homens e mulheres que atuam no campo. Os sinais de recuperação da economia e do campo estão visíveis. Reafirmamos a confiança de que teremos uma agricultura ainda mais forte no Rio Grande do Sul, com uma reconstrução digna da força do povo gaúcho.

Paulo Pimenta, ministro da Secretaria da Comunicação Social