Modelo de integração adotado no Brasil permite que pequenos produtores participem ativamente de uma cadeia de valor que abrange desde a criação de aves até a entrega dos produtos finais
A avicultura brasileira tem uma trajetória de crescimento notável, consolidando-se como uma das principais atividades do agronegócio no país. Com uma estrutura produtiva robusta, ancorada na integração entre agricultura familiar e grandes agroindústrias, o setor é responsável por uma parcela significativa das exportações brasileiras, ocupando posições de liderança mundial em carne de frango e produção de ovos. Esse sucesso, no entanto, vai além dos números. “Ele reflete anos de investimento em tecnologia, biosseguridade, sustentabilidade e uma forte presença no mercado internacional”, destaca o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
O Brasil é um dos maiores players globais na produção de proteínas de origem animal. Dentro desse cenário, a avicultura desempenha um papel central, sendo uma das principais atividades econômicas do país. Atualmente, o setor avícola contribui com mais de 5% do PIB agropecuário nacional e gera aproximadamente 3,6 milhões de empregos diretos e indiretos, segundo a ABPA. Esse número inclui trabalhadores em todos os elos da cadeia produtiva, desde a criação nas granjas até o processamento industrial e a distribuição nos mercados interno e externo.
O modelo de integração entre agricultura familiar e indústria avícola se destaca como um dos grandes diferenciais do setor. Essa colaboração estreita foi instituída nos anos 1970 e permitiu que pequenas propriedades familiares se tornassem parte de uma cadeia produtiva altamente competitiva. Hoje, mais de 50 mil famílias atuam na produção de frango e ovos no Brasil, representando a base sólida da avicultura nacional. Esse formato tem sido um exemplo bem-sucedido de como a agricultura familiar pode ser integrada ao sistema agroindustrial, beneficiando-se de tecnologia, assistência técnica e acesso ao mercado global.
Contribuição da Avicultura para o PIB Agropecuário Brasileiro (2015-2024)
Ano | Contribuição para o PIB (%) |
2015 | 4,5% |
2020 | 5,0% |
2024* | 5,3% |
(*) Estimativa ABPA
Agricultura familiar é um dos pilares da avicultura brasileira
A agricultura familiar desempenha um papel essencial na sustentação da avicultura no Brasil, sendo responsável por fornecer uma base sólida de produção. O modelo de integração adotado no Brasil permite que pequenos produtores participem ativamente de uma cadeia de valor que abrange desde a criação de aves até a entrega dos produtos finais aos mercados consumidores. Segundo dados da ABPA, mais de 50 mil famílias estão diretamente envolvidas na produção de carne de frango e ovos, contribuindo de maneira fundamental para a competitividade e sustentabilidade do setor.
Essa estrutura integrada foi estabelecida nas décadas de 1970 e 1980 e é baseada em contratos de parceria entre pequenas propriedades e grandes empresas agroindustriais, onde as indústrias fornecem tecnologia, insumos e assistência técnica, enquanto os produtores familiares cuidam da criação das aves. Esse modelo foi um dos principais fatores que permitiram ao Brasil alcançar a liderança mundial nas exportações de carne de frango.
De acordo com o presidente da ABPA, Ricardo Santin, a agricultura familiar é o coração da avicultura brasileira. “Ela sustenta a base produtiva do setor e garante a continuidade do abastecimento de mercados, tanto no Brasil quanto em outros países”, afirma o presidente.
O sistema de integração promove não apenas a inclusão social e econômica das famílias rurais, mas também fortalece a sustentabilidade da produção, uma vez que as pequenas propriedades costumam adotar práticas agrícolas de baixo impacto ambiental e com eficiência no uso de recursos, como água e alimentação das aves.
Além disso, a agricultura familiar é responsável por atender parte significativa da demanda interna de proteína animal, contribuindo diretamente para a segurança alimentar do país.

Regiões produtoras
A produção avícola no Brasil está concentrada principalmente nos estados do Sul e Sudeste, onde se encontram os maiores produtores de carne de frango e ovos. Estados como Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são líderes no setor, sendo responsáveis por mais de 60% da produção nacional. O Paraná, em particular, é o maior exportador de carne de frango do país, concentrando grandes agroindústrias e cooperativas que abastecem tanto o mercado interno quanto o externo.
No entanto, outras regiões têm ganhado destaque nos últimos anos, como o Centro-Oeste, que vem se consolidando como um novo polo de produção avícola devido à proximidade com as áreas de cultivo de grãos, como milho e soja, que são os principais insumos da ração animal. Essa vantagem logística tem atraído investimentos para estados como Mato Grosso e Goiás, que hoje são importantes produtores no cenário nacional.
Sustentabilidade: um compromisso de longo prazo
Outro ponto central no desenvolvimento da avicultura brasileira é o compromisso com a sustentabilidade. A indústria tem investido fortemente em tecnologias que reduzem o impacto ambiental, como a eficiência no uso de água e o tratamento de resíduos. Além disso, o Brasil é um dos poucos países que consegue produzir carne de frango em larga escala com uma baixa pegada de carbono, devido ao uso eficiente de recursos e práticas agrícolas sustentáveis.
Biosseguridade: o maior trunfo da avicultura no país
A biosseguridade é um dos pilares que sustentam o sucesso da avicultura brasileira. “O país tem conseguido manter-se livre de doenças graves que afetam o setor avícola mundial, como a Influenza Aviária. Isso é resultado de um dos mais avançados programas de controle sanitário do planeta, o que faz do Brasil uma referência mundial nesse quesito”, pontua. Ricardo Santin destaca ainda que “o Brasil possui um dos melhores programas de biosseguridade do mundo, o que garante que nossa produção continue a ser uma das mais seguras e respeitadas no cenário global”.
Esse nível de segurança permitiu que o Brasil superasse rapidamente crises como a ocorrência da Doença de Newcastle em alguns estados, como o Rio Grande do Sul, mantendo as exportações e o abastecimento do mercado interno sem grandes interrupções. A confiança internacional no status sanitário da avicultura brasileira é um dos principais fatores que permitem ao país exportar para mais de 150 países, incluindo mercados exigentes como a União Europeia, Japão e Estados Unidos.
Produção de carne de frango tem crescimento contínuo e exportação recorde
O Brasil é, atualmente, o maior exportador de carne de frango do mundo, com uma participação dominante no mercado global. Conforme Santin, a produção de carne de frango no país em 2024 está projetada para atingir 151 milhões de toneladas, um aumento de 18% em relação ao ano anterior, e a expectativa é de crescimento contínuo, com uma previsão de 153,5 milhões de toneladas em 2025. Esses números colocam o Brasil como o segundo maior produtor mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, mas com maior volume de exportação.
O consumo interno de carne de frango também é significativo, com 45 kg per capita/ano em 2024, um valor expressivo que reflete o papel da carne de frango como a principal proteína animal na dieta do brasileiro. “Além de ser uma proteína acessível, a carne de frango é reconhecida por sua saudabilidade e versatilidade culinária, fatores que contribuem para sua popularidade entre os consumidores”, comenta o presidente da ABPA.
Projeção da Produção de Carne de Frango no Brasil (2020-2025)
Ano | Produção (milhões de toneladas) | Exportação (milhões de toneladas) |
2020 | 134,0 | 400 |
2022 | 140,5 | 430 |
2023 | 143,2 | 450 |
2024* | 151 | 525 |
2025* | 153,5 | 535 |
(*) Estimativas ABPA
No mercado externo, o Brasil exporta cerca de 525 milhões de toneladas de carne de frango em 2024, com projeção de chegar a 535 milhões de toneladas em 2025. Este crescimento nas exportações deve-se, em grande parte, à qualidade do produto brasileiro e à eficiência logística, que permitem ao Brasil competir com outros grandes produtores globais em termos de custo e tempo de entrega.
Consumo de ovos com expansão sustentada
O setor de ovos no Brasil também é uma peça chave na avicultura. “Em 2024, a produção de ovos deverá alcançar 569 bilhões de unidades, um crescimento de 8,5% em relação ao ano anterior. O consumo per capita de ovos no Brasil tem aumentado progressivamente nos últimos anos, refletindo tanto uma mudança de hábitos alimentares quanto o acesso crescente da população a essa fonte de proteína. Em 2024, o consumo estimado é de 263 unidades por habitante/ano, com expectativa de chegar a 270 unidades em 2025”, comenta Santin.
Apesar do crescimento no consumo interno, as exportações de ovos enfrentam desafios, com uma previsão de recuo de 20% em 2024, totalizando 20 mil toneladas exportadas. A expectativa, no entanto, é de uma retomada em 2025, com as exportações alcançando 22 mil toneladas, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Esses números indicam que, apesar das dificuldades no comércio internacional de ovos, o mercado interno brasileiro é robusto e em expansão.
Evolução da Produção e Consumo de Ovos no Brasil (2020-2025)
Ano | Produção (bilhões de unidades) | Consumo per capita (unidades/habitante) |
2020 | 500 | 220 |
2022 | 525 | 240 |
2023 | 552 | 255 |
2024* | 569 | 263 |
2025* | 575 | 270 |
(*) Estimativas ABPA
