Um dos diferenciais do projeto é a garantia de compra para a rama ou a pluma do algodão, por empresas parceiras nacionais e internacionais
O projeto Algodão Agroecológico Potiguar trouxe novas perspectivas à Agricultura Familiar (AF) no Rio Grande do Norte, e já se configura como a maior iniciativa do Brasil em bases agroecológicas, desde seu lançamento em dezembro de 2021.
Em 2022, primeiro ano de execução do projeto, foram quase 350 hectares de produção em área consorciada a culturas como milho, feijão, sorgo e gergelim. Isso resultou em 254 famílias envolvidas e mais de 120 toneladas colhidas. O faturamento ultrapassou o valor de R$ 500 mil.
A produção consorciada, vale lembrar, é uma iniciativa que possibilita que o agricultor mantenha o cultivo de sementes diferentes em uma mesma área. Esta forma de produção faz com que as unidades familiares tenham produção durante o ano inteiro, diminuindo, assim, a falta da alimentação básica, o que proporciona a essas famílias a segurança alimentar.
O projeto se destaca por seus diferenciais, que são: 1) a distribuição de sementes orgânicas; 2) assistência técnica; 3) certificação agroecológica; 4) e garantia de compra para a rama ou a pluma do algodão, por empresas parceiras nacionais e internacionais.
Novas metas
A meta para 2023 é incluir cerca de 800 famílias no processo produtivo, ampliar a área cultivada para mil hectares, atingir mais de 60 municípios do Rio Grande do Norte e ainda fortalecer a presença das mulheres e da juventude nesse processo.
Em 2022, primeiro ano de execução do projeto, foram quase 350 hectares de produção em área consorciada
O Projeto Algodão Agroecológico pelo Semiárido nordestino
Hoje, é possível observar o desenvolvimento do projeto não apenas no RN, mas em 6 dos 9 estados do Nordeste, sendo eles: Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Alagoas e, claro, Rio Grande do Norte. Nesses 6 estados, são 7 territórios em que há famílias produtoras – sendo dois deles em Pernambuco.
A missão do projeto é aproximar mais de 1.300 famílias agricultoras, distribuídas nesses 7 territórios do Semiárido nordestino, aos mercados dos produtos agrícolas com Selo Brasileiro Orgânico, onde as Unidades Familiares Produtivas são controladas pelos Sistemas Participativos de Garantia (SPGs) dos Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (OPACs) conforme a legislação brasileira dos orgânicos.
A estratégia é fortalecer a expansão do algodão consorciado com culturas alimentares, forrageiras e de adubação verde com a certificação orgânica participativa. Essa é uma iniciativa coordenada por Diaconia, desde agosto de 2018, em parceria com outras organizações não-governamentais e de base da AF, além do setor acadêmico e da indústria, em prol do fortalecimento dos SPGs/OPACs.
O Projeto conta com o apoio financeiro da Laudes Foundation, da Inter-American Foundation (IAF) e do FIDA/AKSAAM/UFV/IPPDS/FUNARBE. O Projeto ainda é parceiro com o Projeto + Algodão – FAO/MRE-ABC/Governo do Paraguai/IBA.
De acordo com dados publicados pelo próprio projeto em seu portal oficial https://www.algodaoagroecologico.com, até 2022, os sete OPACs apoiados já tiveram 3 safras, totalizando uma produção de mais de 136 toneladas de pluma orgânica e em transição nos quatro anos de atividades, juntamente com 158 toneladas de feijão, 618 toneladas de milho e 34 toneladas de gergelim. O valor bruto dessas produções consorciadas é de pouco mais de R$ 4,8 milhões de reais. Esse valor contabiliza o alimento vendido e consumido pelas famílias agricultoras.
